3 de set. de 2011

A linguagem corporal das doenças psicossomáticas


A doença, qualquer que seja ela, vai estar “presa” ao corpo. Este mesmo corpo que ao nascer, foi tratado (espera-se), com todo carinho e atenção. Alguém que se dedicou a nós quando nascemos e também durante o nosso crescimento, nos deu carinho, afeição e amor (na maioria das vezes, nossa mãe) deixou em nós marcas profundas e que na certa, todos carregamos por toda a vida. Quando tais sentimentos, não foram proporcionados pela mãe, certamente o foram por outra pessoa.

Toda criança desperta em nós bons sentimentos. Uma criança possui uma força enorme, no sentido de mobilizar-nos emocionalmente; isso para não irmos um pouco mais adiante e dizermos, lembrando que “a criança é o pai do homem”.

Quando ficamos doentes, de certa maneira, voltamos ou tendemos voltar à condição de crianças; numa linguagem mais técnica, regredimos; ficamos mais “dengosos”, queremos atenção, consideração, cuidados, etc. Com tudo isso, quer dizer que quando adoecemos “procuramos” nossa mãe.

Assim ,quando somos crianças, somos fortes, conseguimos “seduzir adultos; temos um poder de persuasão muito maior do que quando nos tornamos adultos. Aqui, quando adultos, a doença pode, e às vezes assume as rédeas da sedução do outro. Quantas vezes, vemos pessoas doentes, que se aproveitam dessas doenças para obterem pequenos favores ou comodidades.

Quase sempre, “procuramos” as doenças das quais somos portadores. Esse procurar, no entanto, não é claro nem explícito pois, ele se mascara, escondendo-se atrás de sintomas, emoções e sentimentos. 

Muitos médicos, atualmente, têm começado uma busca nos sintomas das doenças, através do Homem, da pessoa como um todo. Contudo, a Medicina, ainda mantém uma tendência a visualizar o doente, como algo passivo, como alguém que está ali para ser paciente, portanto, é a condição daquele que é portador de um mal, uma doença.

Quanto a definição de psicossomática, é ao mesmo tempo uma filosofia – porque envolve uma visão de ser humano, uma maneira de definir o ser humano – é uma ciência que tem como objeto os mecanismos de interação entre a dimensão mental e a dimensão corporal.

A definição do holístico é da mesma forma, analisar o ser humano como um todo, desde a sua forma física, emocional, mental, energeticamente, espirituais ... de todas as formas possíveis em busca do que causa o sintoma da suposta doença. Não se pode banalizar em dizer que todas as doenças são  psicológicas, ou banalizar a doença por si só. Por isso, a busca do bem estar do ser humano. Um médico dedicado e preocupado, ele vai em busca acima de tudo, cuidar do ser humano, como único e exclusivo e não só como mais um sintoma, com características de alguma doença.

É importante analisar, que todos nós somos seres únicos e exclusivos, que cada um reage de uma forma diferente ao que nos cerca e aos problemas. Apesar dos sintomas de algumas doenças terem as mesmas caracteristicas e reações em nosso organismo, a nossa fisiologia ser a mesma, somos todos diferentes de alguma forma, seja na sua maneira de levar a vida, seja em hábitos e muitas outras definições que nos torna diferente .

Hoje em dia temos tanta consciência do nosso corpo e do que sentimos, que seria fácil verbalizar tudo, porém temos um bloqueio cheio de dogmas e paradigmas, que em sua grande maioria, o corpo acaba verbalizando tudo.  

Por exemplo, a emoção do medo já está manifestado da forma verbal, e quando não há nenhuma manifestação somática, a emoção fica reprimida na consciência, mas presente no organismo. A evolução é imprevisível e depende dos fatores que desencadeiam.

Existem estudos, que comprovam que pessoas mais fechadas, mais tensas, chegadas ao isolamento, tendem a ter mais quadros de tristezas, depressões e pessimismos. O corpo sabe o que as emoções pedem, e este responde com obediência, dando como resposta, quem sabe como uma bela dor de cabeça, uma dor no estomago, ou quem sabe algo pior. 

O tempo todo estamos enviando mensagens sublineares ao nosso corpo, ao nosso sistema imunológico, assim criando uma desordem no físico e não só no emocional. Falta de carinho, distanciamento de afetos, ou quem sabe, raivas "incubadas", durante muitos anos, podem trazer a tona, ao seu organismo, doenças sem explicação. Seja emocional ou física. 

Hoje tem se manifestado, em grande maioria, alergias na pele. Ela é ao mesmo tempo intimamente privada e notavelmente pública, é a interface final entre o eu e o outro - o nosso mundo interior e o mundo externo. Acaba sendo o portal através do qual sentimos o mundo e pela quais nossas primeiras sensações aconteceram - O TOQUE - ao nascermos.

Pense bem... a pele é a primeira linha de defesa contra o ataque constante de micróbios, traumas físicos e vários elementos irritantes. 

Pode-se esperar que um órgão do nosso corpo, tão complexo pode trazer tantas irritações físicas, por conta dos problemas emocionais?

Os estudiosos tendem a afirmar que alguns problemas são causados por estrese, conflitos concernentes a sentimentos e impulsos hostis - agressivos, já que a hostilidade seria reprimida devido a sentimento de culpa. Bem como, há situações em que o contato, a caricia forem insuficientes, provocando uma erotização da pele. 

Nesse momento não é somente primordial dissertarmos as inúmeras doenças e suas causas, mas também termos consciência se contribuirmos para o desencadeamento delas. 

Percebemos que o nosso organismo não está separado de nossas experiências e do que vivemos, pois tudo tem uma repercussão no funcionamento de nosso corpo. 

A DOENÇA VEM DEFLAGAR ALGO A RESPEITO DE NÓS MESMOS E DE NOSSAS VIDAS. 

       

BIBLIOGRAFIA

    Goleman, Daniel & Gurin, Joel, Equilíbrio Mente e Corpo, Editora Campos, 1977, RJ
    Lemgruber, V, Caderno de Psicopatologia, Dep. De Psicologia, PUC, 1997, RJ
    Graeff, G, F & Brandão, L. M, Neurobiologia das Doenças Mentais
    Keleman, S, Realidade Somática, Summus Editorial, 1994, SP.

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