18 de set. de 2008

Alegria!!!


Lembre-se sempre: a alegria não é acidental na sua busca espiritual.É indispensável.
Qual é, então, a característica da verdadeira espiritualidade? É a falta de pensamentos habituais? A devoção pura? A seriedade?
Talvez. Mas será que é desta forma que queremos interagir com os outros? Nos tornando doces, perfeitos e espiritualmente corretos? Falando exclusivamente em tons baixos e estudados, e contendo artificialmente a nossa personalidade?
Que tédio! Não podemos nos divertir?
Acredito que a verdadeira espiritualidade acontece quando vamos ao encontro do momento num fluido espírito de brincadeira. Brincar é o oposto do inferno, tanto interna como externamente.
Quando brincamos somos ignorantes, num sentido profundo.
Brincar não é apenas se divertir; brincar significa estar presente para o que é, seja sofrimento ou alegria. E brincar só pode acontecer no momento, como a emoção verdadeira. Quando brincamos, os condicionamentos, as mascaras e a reatividade do pensamento se retiram para os bastidores, deixando o palco livre para a diversão.
Brincar com as pessoas no momento presente pode transformar o inferno da interação humana em pura alegria, independentemente do que estiver acontecendo.
Isto não quer dizer que a pessoa consciente não seja séria. Só não é solene, pois é séria demais para ser solene. Os autênticos engajados na espiritualidade se revelam pela leveza do ser; eles fizeram o serviço e estão livres para ir ao encontro de cada momento com uma atitude alegre.
Refiro-me a todas as formas do brincar, da mais comum à mais escancarada. Uma das causas da atração que sentimos por atletas, músicos e atores profissionais é que os vemos completamente absortos, brincando no momento. Eles estão em contato com sua alegria passional, intensa e emocional. Entregam-se à plenitude da experiência do aqui e agora.
Os atletas não podem estar no passado ou no futuro, porque pisariam na bola, literalmente. Os músicos não podem estar pensando na próxima nota, porque deixariam de vivenciar plenamente a que estão tocando agora. E, no teatro, os atores estão sempre envolvidos com a situação de cada momento.
É este o barato dos artistas: a completa fusão com o presente. Sejam eles atores, atletas ou músicos, todos se perdem (perdem seus pequenos egos) em momentos de brincar. É algo tão forte que gostamos de observá-los e, enquanto assistimos, também conseguimos perder nosso pequeno ego.
Também podemos vivenciar o brincar na convivência mais corriqueira, ao fazer compras, comer num restaurante ou pegar um táxi. Qualquer troca com outro ser humano é uma oportunidade para brincar e fazer uma conexão, através de um sorriso, um gesto ou uma palavra. Mas isto só pode acontecer quando não estamos obcecados pelo passado, preocupados com o futuro, ou convencidos de que conhecemos o presente.
O jeito é improvisar, a cada momento. Brinque, mexa e ria, com você mesmo e com os outros, ascenda um brilho matreiro nos olhos, até se fazer mais presente. Veja corno tudo parece mais vivo. Você está desperto!Perceba como nesse brincar o mundo se torna um paraíso.



Fonte: Livro Calma no Caos – Os ensinamentos Budistas para Viver Melhor.
Autor: Arthur Jeon
Editora: Ediouro

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